sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

What's gonna kill you is the second part; literally.

Hoje seria meu décimo terceiro dia de morte, se aquilo tivesse realmente acontecido. Me lembro dó ódio e tristeza do modo mais profundo, era um sentimento realmente insano. Entre choro e soluço, abri minha gaveta e procurei por um gilete que eu mantive ali por alguns anos; não o encontrei. Fechei a gaveta com força e corri até a cozinha, peguei a faca e comecei a cortar com bastante força meus braços. O máximo que consegui foram alguns arranhões e um corte pouco profundo, bem perto de uma veia. Sangrou o suficiente para deixar algumas manchas sobre minhas coxas, mais tarde, enquanto eu conversava e chorava para um amigo na porta da minha casa, às 5h da manhã depois da formatura do meu irmão. Mais tarde, acordei me sentindo um lixo. Por eu ter quase me matado, pelos arranhões e o corte no meu braço, preocupada com o que eu fiz e não me lembrava, preocupada com como eu esconderia aquilo ali de todo mundo, preocupada em esquecer o que alguém fez comigo e com o guarda-roupas que eu quase quebrei, a bagunça do meu quarto. Minha consciência pesava por eu ter "quase morrido no dia da formatura do meu irmão". Imagina que horror? Mas teria sido muito bom se eu pelo menos tivesse parado numa cama de hospital, aí sim eu veria quem realmente se importa. Nunca senti tanta vergonha da minha família e do meu ex-namorado e a mãe dele, me preocupei com ela ter ouvido algum palavrão ou o "eu quero te matar". Almocei, tomei um banho e fui até a casa dele pedir desculpas e colocar logo um fim naquilo que tanto me matava por dentro. Foi melhor assim, passei muitos dias bem comigo mesma - e pensando em como eu quase morri porque alguns dias depois eu abri a gaveta em busca do gilete e ele estava bem na minha frente, mas não pude achá-lo. Deve ser porque aquela realmente não era a minha hora - e acima de tudo, feliz por não ter morrido. Até que eu sonhei com a irmã dele, eu chorava e implorava por ajuda. Acordei numa podridão e aquela saudade estranha. Foram os dias em que desejei ter morrido. Quando a gente se sente assim, parece que só a morte salva. Porque as lembranças só fazem a gente perder a cabeça, o pouco de sanidade mental que resta ali dentro. Por alguns dias eu consegui controlar essas malditas lembranças, mas nem sempre é possível. Hoje, creio que esteja conseguindo lidar melhor com isso, afinal, a gente nunca se esquece completamente dessas coisas, certo? Quisera ter memória ruim assim como tanta gente nesse mundo. Se fosse pra eu responder isso hoje, 13 dias depois, se eu estou feliz por estar viva, eu diria que não sei. Eu posso estar bem, conversando e rindo por aí, querendo uma outra pessoa (que por sinal nem percebe), mas sempre vai ter um espaço vazio que deseja não mais existir e que vai sentir falta do que passou. Vai pensar que existem um monte de coisas no mundo que acontecem com todo mundo e que nunca vão acontecer comigo. Algumas delas aconteceram naquele mês e que provavelmente não se repetirão e isso é meio triste. Mas talvez aquela história de que "o melhor está por vir" seja verdadeira, mas de que me adianta se não vai ser com quem eu "quero"? Ou queria. Tem aquela história de ficar remoendo sentimento e só eu entendo como eu odeio isso. É meu maior defeito, nunca supero completamente. Mas talvez tudo mude. Quem sabe amanhã eu acorde e tenha algo lindo esperando por mim lá fora. Quase impossível, mas não tanto.

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